Utilizar a biomimética na arquitetura é uma excelente maneira de unir o natural e o moderno na criação de construções sustentáveis e inovadoras. Trata-se de uma aplicação da criatividade que combina com um estilo de vida mais consciente e que promove a economia.
Inspirar-se na natureza para encontrar soluções que sirvam para o desenvolvimento social faz toda a diferença. Com a biomimética, é possível obter uma série de vantagens, além de promover construções altamente funcionais na arquitetura e na engenharia.
Neste artigo, entenda melhor a proposta da arquitetura biomimética e confira ótimos exemplos de sua aplicação!
O que é biomimética?
“Bio”, em grego”, significa “vida”, enquanto “mimésis” quer dizer “imitação”. Desse modo, o termo “biomimética”, que une essas suas palavras, tem o significado de imitação da vida. Na prática, trata-se do estudo de modelos da natureza para serem aplicados em diferentes áreas da sociedade.
Apesar de todas as mudanças na vida moderna do homem, a necessidade de contato com a natureza ainda é presente entre as pessoas. Mais que isso, o meio natural pode servir como inspiração para diversas criações incríveis e soluções para problemas atuais.
O conceito de biomimética surgiu na década de 1960 e se popularizou a partir dos anos 1980. Atualmente, é um movimento na filosofia e impacta, até mesmo, o ramo da arquitetura.
Como a biomimética se aplica à arquitetura?
Como o próprio nome sugere, na arquitetura, a biomimética trará aspectos do mundo natural para as construções. Desse modo, une sustentabilidade, funcionalidade e modernidade para promover inovações no design.
Para isso, é preciso entender como funciona a vida na natureza, os fenômenos naturais e as matérias-primas. Além disso, os avanços na arquitetura sustentável, em busca de soluções de problemas das construções urbanas, são fundamentais.
A seguir, confira alguns exemplos práticos de como a biomimética se aplica à arquitetura!
Energia solar
A produção de eletricidade por meio da captação da luz solar, com as placas fotovoltaicas, é um exemplo de arquitetura biomimética. Essa inovação surgiu a partir do estudo da maneira que as plantas se alimentam da radiação do sol para obter energia, aplicando esse mesmo conceito na criação de imóveis eletricamente autossuficientes.
Regulação da temperatura interna
Diversas inovações para promover uma boa manutenção da temperatura interna de um ambiente estão disponíveis no mercado arquitetônico. A inspiração para essas ideias veio da observação da pele do jacaré.
Ao observar a grossa camada de pele do animal, a arquitetura utiliza paredes mais espessas, especialmente nas áreas expostas ao sol, visando melhorar a manutenção térmica interna. Isso reduz a troca de calor com o ambiente, preservando a temperatura corporal.
Captação de água
Sistemas de captação de água da chuva para o uso doméstico e industrial também são exemplos de invenção biomimética. É dessa mesma maneira que os rios recebem recursos. Na arquitetura e engenharia civil, essa é uma implementação capaz de gerar economia.
Conforto térmico
O corpo humano também é uma fonte de inspiração para o desenvolvimento de projetos arquitetônicos. Por exemplo, o sistema circulatório do organismo garante a regulação da temperatura.
Para garantir o conforto térmico em regiões frias, podem ser criados sistemas semelhantes e renováveis, baseados no vapor de água. Assim, o calor circula de forma contínua dentro do espaço, mantendo uma temperatura agradável.
Produtos sustentáveis
A observação de diversas espécies na natureza e a funcionalidade de recursos naturais também promoveu a oportunidade de desenvolver produtos sustentáveis para toda a sociedade, inclusive na arquitetura.
Assim, aprimora-se o ciclo de vida dos produtos, maximizando sua funcionalidade e reduzindo desperdícios. Isso diminui a exploração de recursos naturais e a acumulação de descartes, contribuindo para a sustentabilidade e preservação do meio ambiente.
Qual a importância da arquitetura biomimética?
A arquitetura biomimética é capaz de unir todo o conhecimento obtido até hoje para produzir projetos sustentáveis e inovadores. Desde implementações inéditas e altamente criativas até construções funcionais e econômicas, é possível promover um avanço na área por meio do estudo da natureza.
A biomimética aumenta a capacidade de desenvolvimento de soluções e alternativas para a criação de casas, indústrias e cidades inteligentes. Dessa forma, além de ecológicas, as construções podem se tornar mais conectadas e eficientes.
Qual a diferença entre biomimética e design biofílico?
Além da biomimética, existe outro termo com significado semelhante, mas com objetivos distintos. A biofilia diz respeito à conexão com a natureza e o apego às coisas naturais, características encontradas em diversas pessoas e estilos de vida.
O design biofílico visa reforçar a conexão com a natureza, trazendo aspectos naturais para promover mais bem-estar e qualidade de vida no contato com o ambiente. Diferentemente da biomimética, não necessariamente reproduz os sistemas e as práticas encontradas na natureza.
O design biofílico tem uma boa aplicação com o design de interiores. Por esse motivo, pode combinar com a arquitetura biomimética, que foca o desenvolvimento de projetos de construção civil com a união entre o urbano e o natural.
Qual a importância da sustentabilidade na engenharia?
Os diálogos sobre a aplicação de métodos arquitetônicos e de decoração sustentáveis, que incentivam o cuidado com a preservação dos recursos naturais, também são essenciais nos campos da engenharia e da arquitetura. Afinal, ambas utilizam materiais e demais insumos que se relacionam com o meio ambiente.
Com o apoio da tecnologia e da inovação, os projetos de construção contam com equipamentos, materiais e técnicas sustentáveis que reduzem o desperdício, o consumo exagerado de recursos naturais, a emissão de poluentes e a baixa produtividade.
Existem exemplos de construções inspiradas na natureza?
Para entender melhor como a arquitetura biomimética é uma tendência interessante para aplicar nos próximos projetos, vale a pena conhecer alguns exemplos de obras que se inspiraram na natureza. Confira, a seguir!
Estádio Nacional de Pequim
Com arquitetura criativa, o lugar é conhecido como Ninho de Pássaro e foi a sede dos Jogos Olímpicos de Verão de 2008. O design foi inspirado no meio natural e utilizou metais entrelaçados para criar a impressão de um ninho feito com galhos finos.
Sua estrutura não lembra ninhos apenas na aparência, como também na funcionalidade. Mesmo sendo produzido com tiras finas de ferro e aço, o entrelaçamento das ligas torna o monumento resistente. Como está localizado em uma região em que há terremotos, essa criação foi muito bem pensada e planejada com base na biomimética.
Edifício Eastgate Center
Localizado em Harare, no Zimbábue, o local é um centro comercial, conhecido pelas plantas em sua fachada. O prédio foi construído com um sistema de ventilação inovador, com inspiração nos cupinzeiros.
O projeto se inspirou na casa dos cupins para garantir o conforto térmico sem a necessidade de ar condicionado. Canaliza-se o ar para um sistema de exaustão, que resfria ou aquece a ventilação, conforme a demanda do ambiente.
Museu do Amanhã
No centro do Rio de Janeiro, o Museu do Amanhã foi inspirado nas flores presentes no Jardim Botânico. O projetista espanhol, Santiago Calatrava, pensou no formato das bromélias para criar o local. Dessa maneira, o monumento não impacta na paisagem do Mosteiro de São Bento.
Além disso, a estrutura metálica do Museu do Amanhã é capaz de se movimentar, a fim de aproveitar a luz solar e captá-la para conversão de energia elétrica, com placas fotovoltaicas. Esse componente, inclusive, tem um formato que remete às asas.
Edifício Corporativo Johnson Wax de Frank Lloyd Wright
Localizado em Racine, nos Estados Unidos, o Edifício Corporativo Johnson Wax de Frank Lloyd Wright também é um exemplo de arquitetura biomimética. O local foi inspirado no formato de vitórias-régias, a fim de expandir as colunas que dão suporte para cada andar.
Com essa estrutura, o pé-direito do edifício é duplicado e a luminosidade do local é ampliada. Essa é uma estratégia para reduzir o consumo de energia elétrica, valorizar a iluminação do local e promover a sensação de amplitude.
Como visto, a tendência biomimética pode fazer parte da arquitetura de maneira criativa, sustentável e funcional. Por esse motivo, é interessante observar características e nuances da natureza e trazê-las para as construções urbanas.
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